domingo, 29 de maio de 2011

o pão transcendente que se oculta nas dobras das tripas do que ainda não provei


os livros que não li e que li,
permanecem quietos e em ebulição nas carnes das mãos
do destempo que traz e leva os pássaros

Nesse nome que tenho moro e não moro, minha casa é a imensidão e o cantinho da saleta
onde minha avó guardava os cristais


Os sabores e os gatos vinham da cozinha,
do fogão milenar que fritou e assou nosso futuro,

nossas lágrimas que um dia rolariam pós a partida

de nossa mãe e de nossa avó

Roubo do passado um pedaço de bolo,
um naco de queijo,
algumas folhas de alface,
o pão transcendente que se oculta nas dobras
das tripas
do que ainda não provei

E quem sou para fica rabiscando na atmosfera
as coisas íntimas de nossas vivencias,
com que direito faço isso?

O frio do quase findo mês de maio
passeia
por essa casa que no dia de hoje

apenas meu solene corpo habita


(
edu planchêz)

Tudo e nada por um beijo interminável

(para Julia Chaves)

Nós, os anjos de asas negras douradas abrimos vastos braços e pernas,
abraçaremos doravante todas manhãs noites
da rainha existência almíscar selvagem


Tudo e nada por um beijo interminável...

todas as uvas da Terra e do sol de Orfeu e Dalila

se esparramam por nossos corpos,
pelas luas de licor azul esverdeado
que Anais Nin espalhou em
nossos sexos e línguas

E um grande sino que não é sino
se veste de guitarra para anunciar
o que não precisa mais ser anunciado porque nós os anjos de asas negras douradas acordamos no momento que Sírius
vertia o Espaço inteiro em leite e chocolate


(Edu Pla
nchêz)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sou menina esfinge, misteriosa, decifra-me ou eu nunca vou te devorar...


Sou menina esfinge, misteriosa,
decifra-me ou eu nunca vou te devorar...
Cato com as pinças dos olhos os grãos que espalho
sob os caminhos de tua pele partida em mim e em ti
pelas nove luas de do planeta que não preciso mencionar.

as vezes apareço com alguma novidade tirada do lixo
Ou um velho disco de vinil.
As vezes canso de ser amável e viro bicho gato imbecil.
mais , ou menos, mistério.

Mas, o que eu não digo, não nem mesmo para mim,
essas são outra dimensões que sei que compreendes.
Trás da distancia não distancia a rosa mais que rosa,
mais que flor...

enfadada ,se quisesse chamar a rosa por outro nome,
não seria ela ainda perfumada, Julieta?
Sou tanto em tantas rosas cores perfumes espinhos indo e vindo...
Pisando os cacos de vidro de mim...
decifra-me,que é para eu parar de me cortar com minha poesia triste.

A rosa que germina das canções nos engole pelos alicerces
destroça os muros, desfralda o cinema contido em nossos lábios volumosos de tanto nos beijarmos,
de tanto sugarmos um ao outro diante das estrelas sedentas por mar,
diante das crianças que passeiam
pelo o espaço prontas para (por meio de nós)
se edificarem cá nas aparições do dia e da noite


Juntos , meus mistérios se diluem na canção
sendo várias , aprendo:quem me decifra sou eu
um pouco por dia suturando os rasgos da poesia,
que é quem me devora. (?)
EU!

domingo, 8 de maio de 2011

OSHO, um grande irmão e mestre, muitas saudades



"Quando eu me for, por favor lembre-se de mim como um poeta, e não como um filósofo.
É claro — não estou escrevendo poesias em palavras. Estou escrevendo num veículo mais vivo — em você.
E é isso que toda a existência está fazendo."

(OSHO, um grande irmão e mestre, muitas saudades)

sábado, 7 de maio de 2011

o ventre desenho de Julia Chaves



Saio do ventre e volto para o ventre,
movimento sem fim
entre eu e a mulher sem fim,
entre eu a caverna onde é gerada
toda a ebulição
apinhada de mágicos lobos
e bosques nevoentos

Rajadas de ventos curvilíneos
nos arremeçam sob as camadas
fronteiriças da visão
e da não visão:
chamas carmins da carne,
violetas sempre eretas

O ventre desenho de Júlia Chaves
sob meu tórax explode
gestando bilhões de ventres,
bilhões de linhas vivas,
vastas e altivas bocas
que se beijam longe
do tempo do passageiro relógio,
dentro e fora do tempo da chuva
e das pancadas alvejantes das marés
sobre as pedras de nossas peles acesas

(edu planchêz)