quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um dia a gente some
















Um dia a gente some,
uma noite alguém divulga que não estamos mais no arredores
do planeta,
nas engrenagens do corpo,na sala, no quarto...

E para onde fomos?
Para os pigmentos centrais das carolas das hortências,
para as eflúvios dás águas submersas
nas pedras que foram feitas as estátuas,
paras as carnes das folhas do boldo,

para as raizes das sombrias árvores...

Um dia, aqui não mais estamos,
nossa voz não é mais voz,
nossos pés não são mais pés, e o que restou?
Por não ter a resposta dobro o que aqui foi falado
e atiro nas labaredas de um algo que não sei dizer se é fogo


(edu planchêz)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Nas camadas pontiagudas



Nas camadas pontiagudas sento-me,
sento-me na escuridão e risco um fósforo em meu próprio braço,
nas asperezas de um de meus rostos...
sua luz quase brasa ilumina a casa,
ilumina as pequenas coisas que juntei durante
toda uma vida

Crescem as tulipas e os cravos, meu compromisso é com o vento,
com as caríssimas árvores,
com aqueles que amam o os piscares da lua

Não me venha com o seu dominante relógio,
com as páginas limpíssimas de seu calendário ditador:
meu sono é sagrado, minha ação é precisa,
no momento que ela tem que ser precisa

(edu planchêz)

uma espécie de vampira inconsciente




A chuva desabou forte sobre a cidade do Rio de Janeiro,
enquanto eu recebia a visita de um alguém que morre de medo de baratas...
e nem percebi que a chuva inundaram as ruas da Tijuca e de outros bairros...
Acho que sou uma barata, um Franz Kafka atordoado por uma mulher carente,
extremamente carente, uma espécie de vampira inconsciente,
que me pede o tempo todo para ficar do lado dela

Televisão ligada, quatro e quarenta e três da madrugada,
eu aqui sentindo saudade da minha solidão,
do meu lobo da estepe,
da minha barata que tive que matar por imposição

Mas logo amanhece e novamente me verei livre
porque a tal pessoa seguirá seu caminho que não é certamente o meu

( edu planchêz)

sábado, 23 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Amanhecendo na estrada dos Bandeirantes



Amanhecendo na estrada dos Bandeirantes,
tive que vir de Copacabana de transporte alternativo,
era alta madrugada, não havia quase nenhum ônibus circulando...

Hoje Flá Perez disse a um amigo seu, que minha poesia
se parece com a poesia de Ana Cristina Cesar,
ela foi muito exáta porque no dia que Ana Cristina Cesar,
tive um despertar e rasguei todos os poema que até então
havia tentado escrever...
me senti pequeno e bobo diante da magistral arte
daquela mulher

Juro que me senti um nada diante de seus poemas,
foi um choque, um estado de inveja,
me senti impotente e inútil
e ao mesmo tempo desafiado
a cometer verdadeiramente o poema

(edu planchêz)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Nas escarpas do mais íngrime


Com pedras salinizadas construo uma mesa para abrigar os poemas
que amo, os poemas que ainda hei de ler, os poemas que nunca li,
os poemas que nunca existiram e jamais existirão

Platão se aqui estiver há de se pronunciar:
diante dessa tábua, diante dessa esfinge...
nada conseguirá calar-se

Que se levantem as vozes dos que nunca falaram
Que se levante os que nunca se consideram vivos
Que se levantem o que veio da morte e para ela voltará

Meu corpo mais que quente
ultrapassa todos os limites da dor e do prazer
e cai no no deserto mais radical,
no paraíso mais absoluto

Durma, sonho meu,
entre os vãos das árvores
que nascem nas escarpas do mais íngreme

(edu planchêz)

entorno da anatomia da mulher que desejo








A cabeça do Dragão
me chama para conhecer a pequena pérola do Oriente, posso vê-la nos arredores da televisão, nos cardápios dos livros,
nas imagens que ora projeto sobre os degraus do número 8
( 8: símbolo de boa sorte para os chineses)

A cidade de Xangai é aqui essa pérola
construída sobre o corpo da lama...
mas mudarei de assunto
porque não lido com uma sabatina de história geografia,
mas sim, por ser poeta com um pequeno poema
que aportou ao ocaso nesse assunto,
e o uso como gancho para poder
bordar meu caminho, minha trajetória em torno de mim mesmo,
entorno da anatomia da mulher que desejo,
da existência terrena a mim confiada

(edu planchêz)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

um cacho de palavras uvas



"Siga seus caminhos misteriosos para que consigas fazer seu milagre, pois o sofrimento se transformará em remédio para seu corpo e sua alma".








Ele não fala comigo, eu não falo com ele,

e assim sigo porque Mário Quintana
diz que aquele que nos despreza
não é para ser de nossas vidas

Assim o mundo rodopia e eu rodopio com ele
buscando aceitar ou compreender,
sabendo que todos são de minha família,
mas nem todos reconhecem ou compreendem
o que sinto, o que falo (e serve também para o outrem)

"Ela passa na rua, me vê e muda de calçada",
acho que não me vê porque se me visse falava comigo

Esse poema é menor mesmo, o fim da curva,
o fim do mundo, o fim do fim

E mudando de calçadas vão longe minhas palavras,
meus segundos e meus primeiros sentimentos
de sempre ser, de nunca mais ser

Agora e sempre piso com meus pés a pele do planeta
e o planeta segundo a Lei da relatividade
também pisa a pele de meus pés

Com dor ou sem dor
vou cumprindo o que me propus cumprir,
sou escritor, um que liga e desliga palavras

Penduro palavras em linhas imaginárias,
em barbantes feitos de algo...
A palavra me pega e eu pego a palavra,
para mim palavra tem corpo, peso,
forma, cor, cabelos e unhas

E quem disse que também não sou palavra?
Mas para falar a verdade e não a mentira,
sou muitas palavras, um pacote de palavras,
um depósito de palavras,
um cacho de palavras uvas

(edu planchêz)

Esse jogo de palavras




Ir no furo que ora gero no cenário, para me veres,
para encontrares os bilhões de olhos de vosso ser abissal
e as antenas do bicho dourado que nunca deixou de mover-se
em nossas correntes sanguíneas e mentais

Com a mente fecundada
com a gema brilhante de tua mente maravilhosa
vou para a rua mundo comum a todos

Os dedos dos mestres circundam minha cabeça,
vossa cabeça, a cabeça dos que buscam

Asas e mais asas multiplicam-se aos montes
nos salões interiores de meus companheiros,
daqueles que esticam seus braços em direção ao belo,
ao que nunca deixará de ser

Esse jogo de palavras,
esse encontro de mãos aquareladas,
o silêncio do que não consigo dizer,
a partícula maior e a partícula menor
do algo que queres

(edu planchêz)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

os imagináveis pássaros adormercidos nas páginas dos livros


Toda essa história que não é história, ouvi da boca das pessoas,
da boca dos antigos,
dos que moveram com seus corpos as engrenagens da moenda
e as embarcações que cruzaram os meridianos da Terra
em busca da luz do novo mundo que estava sendo criado
na mente dos que ardiam de imaginações

Toda essa multidão de terras viram as linhas dos pés dessa gente
que antecederam os nosso pés

E eu penso no que esteve antes mesmo da primeira nau
cruzar a água dos olhos dos que amaram o futuro,
e eu amo o futuro,
as vindouras crianças,
os imagináveis pássaros adormecidos nas páginas dos livros

(edu planchêz)

terça-feira, 12 de abril de 2011

nas pontas dos meus dedos


Todo o sol desse dia,
dessa pequena grande manhã se concentra
nas pontas dos meus dedos
para o que não sei dizer se expressar
sem medidas por todas as clareiras subterrâneas

Agraciado seja você que sem nada exigir me ouve
sorvendo os sonhos do sol que escorrem pelas águas

Eu não sou e nem quero ser poeta, porque poeta mesmo
é esse astro príncipe amador,
essa brisa mediúnica que entra pela janela sempre aberta

Eu nada sei dizer diante das descobertas que ainda não fiz,
diante do que é tarde, diante do que é cedo,
diante dos braços estendidos pelos céus
e pelos telhados das casas

E me vou branco e negro cingido pelo carvão
e pelas areias,
pelas penas dos enamorados flamingos

(edu planchêz)

sábado, 9 de abril de 2011

A pergunta já é resposta




A pergunta já é a resposta,
o sono já é o estar acordado.
Se sonho ou não sonho jamais saberás

(edu planchêz)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A luz do meu sangue se mistura à luz das margaridas



O homem que se encontra em mim se remexe,

gira em torno de si próprio
durante as primeiras horas da madrugada,

durante os próximos cem bilhões de anos-luz
de vela de cera marrom, luz de brasas,

luz de fósforo

A luz do meu sangue se mistura à luz das margaridas
que se misturam a luz das estrelas extremas


(edu planchêz)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ÂNGULOS DA CABEÇA




Ângulos da cabeça,
centros históricos de alguma sombra
que andei agarrando pelos rasgos das Ruas das cidades do mundo
por mim criado, do mundo que está ai e que não está

Muitos insistem que os tempos mudaram,
mas que tempos são esses?
Eu continuo com a mesma xícara de café,
com o mesmo afago na nunca

Olho certo, olho torto, olho sem nada olhar,
e olho tudo sem nada ver, e vejo o que quero
e o que não quero

Nos ângulos da cabeça ponho os feixes das estrelas impermanentes,
e todos os outros brilhos que a grande noite oferece

Vem, amor meu, provar a última tentação desse agora
aqui no conforto de minhas cochas planetárias,
aqui nas montanhas de chocolate do Rock do grande amor

(edu planchêz)