sexta-feira, 15 de abril de 2011
um cacho de palavras uvas
"Siga seus caminhos misteriosos para que consigas fazer seu milagre, pois o sofrimento se transformará em remédio para seu corpo e sua alma".
Ele não fala comigo, eu não falo com ele,
e assim sigo porque Mário Quintana
diz que aquele que nos despreza
não é para ser de nossas vidas
Assim o mundo rodopia e eu rodopio com ele
buscando aceitar ou compreender,
sabendo que todos são de minha família,
mas nem todos reconhecem ou compreendem
o que sinto, o que falo (e serve também para o outrem)
"Ela passa na rua, me vê e muda de calçada",
acho que não me vê porque se me visse falava comigo
Esse poema é menor mesmo, o fim da curva,
o fim do mundo, o fim do fim
E mudando de calçadas vão longe minhas palavras,
meus segundos e meus primeiros sentimentos
de sempre ser, de nunca mais ser
Agora e sempre piso com meus pés a pele do planeta
e o planeta segundo a Lei da relatividade
também pisa a pele de meus pés
Com dor ou sem dor
vou cumprindo o que me propus cumprir,
sou escritor, um que liga e desliga palavras
Penduro palavras em linhas imaginárias,
em barbantes feitos de algo...
A palavra me pega e eu pego a palavra,
para mim palavra tem corpo, peso,
forma, cor, cabelos e unhas
E quem disse que também não sou palavra?
Mas para falar a verdade e não a mentira,
sou muitas palavras, um pacote de palavras,
um depósito de palavras,
um cacho de palavras uvas
(edu planchêz)
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