terça-feira, 19 de abril de 2011

Nas escarpas do mais íngrime


Com pedras salinizadas construo uma mesa para abrigar os poemas
que amo, os poemas que ainda hei de ler, os poemas que nunca li,
os poemas que nunca existiram e jamais existirão

Platão se aqui estiver há de se pronunciar:
diante dessa tábua, diante dessa esfinge...
nada conseguirá calar-se

Que se levantem as vozes dos que nunca falaram
Que se levante os que nunca se consideram vivos
Que se levantem o que veio da morte e para ela voltará

Meu corpo mais que quente
ultrapassa todos os limites da dor e do prazer
e cai no no deserto mais radical,
no paraíso mais absoluto

Durma, sonho meu,
entre os vãos das árvores
que nascem nas escarpas do mais íngreme

(edu planchêz)

Nenhum comentário:

Postar um comentário